9 de novembro de 2021

Parque Augusta : de palacete à área verde.

 

O Parque Augusta,também chamado de Parque Bruno Covas em homenagem ao ex prefeito de São Paulo morto em 2021,vítima de câncer,possui  uma área de 23.000 metros quadrados e se  localiza na confluência das Ruas Augusta com Caio Prado e Marquês de Paranaguá, no bairro de Cerqueira César, próximo ao centro da cidade de São Paulo.



A história

 

No início do século XX  foi construído, no local, um palacete pertencente à família Uchôa.

Em 1906, o imóvel foi vendido para as Cônegas de Santo Agostinho que utilizaram o palacete  para inaugurar, em 1907, o Colégio Des Oiseaux. O Colégio encerrou suas atividades em 1969.

Entre 1970 e 1974,o prédio foi sede do Colégio Equipe.

Em 1974, o prédio foi demolido para a construção de um empreendimento hoteleiro que foi desativado.




O terreno foi transformado em estacionamento e, na década de 1980, abrigou o Projeto SP, que promoveu apresentações de diversas bandas como Capital Inicial, Blitz, Titãs, Paralamas do Sucesso, entre outras, em sua estrutura coberta por lona, como se fosse um circo.

Em 1996, o terreno foi adquirido pelo ex-banqueiro e incorporador Armando Conde.

 

O tombamento

 

Em 1994 a vizinhança do parque iniciou um movimento visando o tombamento da área.

O terreno do Parque Augusta só foi definitivamente tombado,pela prefeitura, em 2004.

 A partir daí a área passou a ter proteção legal que implicava a prévia autorização do Conpresp para qualquer intervenção física no local.

Em 2006, a pedido da SAMORCC - Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro de Cerqueira César, começou a tramitar na Câmara Municipal de São Paulo, o projeto de lei 345/2006, de autoria dos vereadores Juscelino Gadelha e Aurélio Nomura, que propunha a criação do Parque Municipal Augusta na totalidade do terreno.

Em 2013,surgiu o Movimento Parque Augusta. Após intensas pressões dos movimentos sociais, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em duas votações, o Projeto de Lei 345/2006 e enviou a Lei Ordinária Municipal 15.941 ao prefeito Fernando Haddad, que a sancionou em 23/12/2013.

A escritura do Parque Augusta foi finalmente passada para a Prefeitura de São Paulo em 6 de abril de 2019.

 

O processo judicial

 

Em 2015, o CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), aprovou a construção de prédios no Parque Augusta.No mesmo ano, o Ministério Público Estadual de São Paulo, determinou que as indenizações (cerca de R$ 120 milhões) pagas à Prefeitura de São Paulo pelos bancos UBS, CITIBANK e DEUTSCH por conta dos recursos públicos desviados pelo prefeito Paulo Maluf durante obras da Avenida Roberto Marinho (antiga Águas Espraiadas) deveriam ser usadas para viabilizar o Parque Augusta sem prédios.

Diante da demora da prefeitura de São Paulo em cumprir a lei 15.941, ativistas ocuparam e limparam o terreno do Parque Augusta e o abriram à população paulistana com a oferta de várias atividades auto-gestionadas.No dia 4 de março houve a reintegração de posse do Parque Augusta.No dia seguinte, as Construtoras Cyrela e Setin perfuraram as calçadas do entorno do Parque Augusta, com a intenção de levantar tapumes. Esta manobra foi denunciada pelos ativistas defensores do Parque Augusta e as construtoras foram multadas.



Em 2016,o Ministério Público do Estado de São Paulo exigiu que a área fosse entregue à prefeitura de São Paulo, em virtude de dívidas oriundas do não pagamento das multas pelo fechamento indevido do Parque Augusta.

Em 2017,a prefeitura  recebeu a proposta do Ministério Público do Estado de São Paulo de realizar permuta com outros terrenos públicos para viabilizar o cumprimento da Lei 15.941.Foi selado,então,um acordo entre a Prefeitura, o Ministério Público e as construtoras Cyrela e Setin, proprietárias do terreno.

 

A construção

 

No fim de outubro de 2019 começaram as obras para implantação do Parque Augusta.

O projeto foi elaborado pelo arquiteto Samuel Kruchin.

Em 2020 houve algumas polêmicas em relação às obras.O IPHAN descartou a presença de vestígios arqueológicos que apontassem para a presença de populações indígenas no local,mas  encontrou louças e artefatos do fim do século XIX.A pandemia de coronavírus também atrasou o andamento das obras.



Após muitos anos de luta,finalmente o Parque Augusta foi inaugurado no dia 6 de novembro de 2021.

 

O Parque Augusta 





O Parque Augusta possui  5 acessos: 2 pela Rua Caio Prado, 2 pela Rua Augusta e 1 pela Rua Marquês de Paranaguá.

Seu horário de funcionamento é das 5 às 21horas,todos os dias.

Conta com aparelhos de ginástica, brinquedos, cachorródromo, redário, trilhas para caminhadas,arquibancadas e palco para apresentações,bosque de mata nativa,gramado e sítio arqueológico.



Não há pista de corrida.Também não é permitido o uso de skates,patins e bicicletas.Mas quem chega de bike encontra lugar para estaciona-la.

O parque possui total acessibilidade e infraestrutura de sanitários,bebedouros e bancos.




Não existem locais de venda de bebidas e alimentos.Também não há quiosques,mesas e churrasqueiras.O espaço é mais apropriado para piqueniques.

Duas construções antigas foram restauradas: o portal de entrada, na Rua Caio Prado, e a Casa das Araras, que vai abrigar atividades educativas e exposições.




O levantamento da fauna mostra a existência de 21 espécies de aves silvestres. O bosque é formado por dezenas de espécies nativas ou exóticas. Muitas delas estão identificadas.


São Paulo não precisa de mais prédios.São Paulo precisa de mais áreas verdes : parques,praças,jardins de chuvas,árvores,etc.Levando-se em conta que o Parque Augusta é o fruto de uma longa e difícil luta dos moradores da região contra as empresas construtoras e imobiliárias e a prefeitura,ele acaba assumindo uma importância ainda maior para a cidade de São Paulo.Que venham outros parques.

 

Fontes : Wikipédia , A vida no Centro e ida ao campo. 

Fotos :  1,5,6,7 e 8 Izabel Heitor 

              2,3 e 4   Google Imagens.

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